terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Minas confabula à mesa....

Na mesa
Alphonsus de Guimaraens Filho

Sobre a toalha, o pão,
o bule, as xícaras, o café
canfabulam. Que dizem
no seu silêncio de coisas
tocadas de esperança,
da latente esperança
da manhã? Dir-se-ia
que se sentem ligados
à vida - ou que na vida
se irmanam, se confundem,
pousados sobre a mesa
como em seu próprio mundo,
pousados no silêncio
como se tudo fosse,
para eles, a dádiva
fascinante, translúcida.

A um canto, solitária
uma faca os espia.

Alphonsus de Guimaraens Filho, nasceu em Mariana -MG em 1918. Na década de 1940 trabalhou na Rádio Inconfidência (BH). Faz parte da 3ª geração de poetas modernistas.

Esse poema Na mesa saiu no Suplemento Literário do Minas Gerais nº 1316, de janeiro de 2009 e acabou de chegar aqui em casa.

Um comentário:

  1. Você enveredou por um caminho que me agrada muito.As panelas e a poesia. Cora Coralina escrevia enquanto fazia os doces na casa velha da ponte do rio Vermelho.
    Minha mãe começa seu caderno de receitas nos anos trinta, com poesias de Cassiano Ricardo,Olegário Mariano entremeadas de goibada, marmelada, pessegada. Acho que vem daí meu gosto pela poesia adoçada nos tachos de cobre.
    E esta palavra"confabula" me remete
    a um pequeno livro de fotos em branco e preto de lugares de Minas com frases dos nossos poetas em baixo.Uma venda, o garimpo,as casinhas de beira de estrada,etc...e numa delas está esta frase:"mineiro não conversa, mineiro confabula".Não posso confirmar porque o livro está caminhando por aí,mas vou tentar lembrar o nome. Você que gosta de fotos e poesia vai adorar.É lindo.
    Cintia

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