domingo, 30 de maio de 2010

Doce de abóbora com coco


Você já sabe o quanto é saudável e nutritiva a abóbora, então agora deixo uma receita de Doce de abóbora com coco, muito comum nos cadernos de receitas das famílias mineiras.

Essa receita é do livro da minha amiga Junelise Pequeno, que escreveu Memória Culinária, coisa de vó. O livro é mais um caderno de receitas, que ela resolveu fazer a partir de uma matéria na Faculdade de Letras. É um livro super delicado, todo artesanal, que ela faz um por um.

Segue a receita, tal e qual a Junelise escreveu no livro:

Descasque uma abóbora tipo moranga e cozinhe em água com uma colher de açúcar. Depois, amasse toda a abóbora com um garfo e coloque-a em uma panela para cozinhare junto com uma xícara e meia de açúcar e um pacote pequeno de coco ralado. Vá mexendo bem. Cuidado para não se queimar ! O doce espirra. Quando começar a desgrudar do fundo da panela, já está na pronto. Acrescente alguns cravos da índia e mexa. depois de frio, coloque em uma vasilha de vidro redonda e salpique canela em pó e leve para gelar.



eu volto...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Rosca de moranga (ou abóbora)

Dessa vez foi a Tia Áurea que inventou de fazer uma coisinha qualquer do Quitandas de Minas.

Ainda não contei aqui, mas todas as fotos do livro foram feitas na casa dela, que ficou dois fins de semana só por nossa conta.

E era um entra e sai daqueles, imagina você, cada hora uma tia chegava com um prato, um pacote. Corre pra colocar os pães de queijo no forno. Ai, ai ai, deixa mais um pouquinho porque está muito branco... Fora os curiosos, que queriam saber como estava indo a coisa, beliscar um pouquinho. Sei que foi uma festa que já deixou saudade.

Quando a gente dava por encerrado os trabalhos do dia, ela preparava um lanche, botava a mesa e ai, íamos conversar sossegados: O Pacelli Ribeiro, autor das fotos do livro, a Tia Áurea; o Gil, seu marido; o Ramom e a Bruninha.

Mas isso já faz um tempo. Num desses sábados a Tia Áurea resolveu de fazer uma rosca que não tinha sido fotografada. Abriu o Quitandas, conferiu a lista de ingredientes para saber se tinha todos os ingredientes em casa e resolvemos fazer a rosca de moranga, que está á página 47.

Deixo aqui a receita, com as devidas explicações:


250 g de moranga cozida
2 ovos inteiros
50 g de fermento biológico
1 colher (sopa) de margarina
½ copo de óleo
1 copo de açúcar
½ copo de leite
1 kg de farinha de trigo

½ colher (sopa) de sal


Separamos cada ingrediente e batemos no liquidificador os ovos, o leite, o óleo, o açúcar, a margarina, a moranga, o fermento. Despejamos numa vasilha e fomos acrescentando a farinha aos poucos. Usamos farinha integral, por isso fomos peneirando para que fosse arrejada.

Fomos misturando até que a massa ficar em boa consistência para ser enrolada. O ponto ideal é a massa um pouco "pegajosa". Sovamos bem e deixamos a massa descansar por duas horas.
Como estava um pouco frio, Tia Áurea ligou o forno e deixou a porta aberta para aquecer um pouco o ambiente. Marcamos também o tempo do crescimento do fermento com uma bolinha no copo d'água. Dica da Ana Rita, que na família é a doutora em roscas!

Crescida a massa, polvilhamos farinha numa bancada. Dividimos a massa em duas partes e com cada uma fizemos três rolos, para depois fazer a trança. Um pouco mais de descanso. Colocamos as roscas em tabuleiros untados e levamos para assar, em forno médio por aproximadamente 30 minutos.

Ficou uma delícia: leve e soltinha. Mais morena por causa da farinha integral, mas por isso, mais saudável.


Ah, o sal colocamos somente no final, para não entrar em atrito com o fermento.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Abóbora ou moranga


A abóbora é uma planta da família das Cucurbitáceas (a mesma do chuchu, da melancia, do melão e do pepino); tem caule rasteiro ou trepador. Como são muito variadas, algumas variedades vieram do Oriente Médio, outras são originárias das Américas.

De alto valor nutritivo, a abóbora é rica em beta-caroteno, vitamina A tem alto teor de óleo vegetal insaturado, indispensável à vista, conserva a saúde da pele e das mucosas, evita infecções e ainda auxilia o crescimento. Possui niacina, que faz parte das vitaminas do Complexo B, que tem a função é evitar problemas de pele, do aparelho digestivo, do sistema nervoso e reumatismo. Também é rica em sais minerais como cálcio e fósforo, que participam da formação de ossos e dentes, na construção muscular, coagulação do sangue e transmissão de impulsos nervosos. Apresenta pouca gordura e muitas fibras.

A abóbora, cultivada em todo o mundo, fornece polpa e sementes comestíveis. É indicada para pessoas de todas as idades por ser de fácil digestão. Laxativa e diurética, ajuda na recuperação de enfermidades agudas do aparelho digestivo, especialmente inflamações dos intestinos e nas inflamações dos rins. Crua ou cozida serve como cataplasma para ajudar na cura de ferimentos, picadas de insetos, queimaduras leves e furúnculos. São usadas no preparo de receitas doces e salgadas doces, sopas, refogados, suflês, nhoques, pão, bolos, purês, sorvetes; compõe, bem, cozidos, feijoadas, assados. Crua e ralada é usada em saladas leves e saborosas.

As flores temperadas, passadas em farinha e fritas, são tidas como iguaria, enquanto folhas novas, brotos e gavinhas, chamados cambuquira, são usados em refogados ou no preparo de uma sopa de milho bem brasileira.

Suas sementes são tidas como potentes vermífugos, que agem principalmente contra a tênia (solitária) e para isso devem ser utilizadas frescas, sem a película que as cobre, moídas e misturadas com açúcar. Elas são boas também contra náuseas em geral e vômitos de gestantes.

Na hora da compra, deve-se escolher abóboras de casca firme, sem rachaduras ou partes moles. Quando verde, deve ser conservada em lugar fresco e arejado. Quando madura é melhor deixá-la na geladeira onde pode durar de 3 a 4 meses.

O período de safra vai de janeiro a agosto e eu volto com receitas feitas a partir dessa delícia.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Biscoito de amendoin da Carmem


Desde quando estava produzindo o livro Quitandas de Minas, receitas de família e histórias, lá pelos já idos 2006, tinha para mim que os biscoitos de polvilho, de amendoim, araruta, queijo, laranja, bicarbonato, maisena seriam o elenco principal do livro.

O livro foi feito, organizado. Depois produzimos as fotos, a família toda dando conta de preparar cada quitanda, os doces, os paninhos, as travessas, as flores, a mesa, tudo com a maior autenticidade possível, como é de fato. O único problema foi que tivemos de fazer tudo em dois fins de semana, para que o grande fotógrafo Pacelli Ribeiro registrasse tudo. E o livro ficou pronto.

Tempos depois, percebi que a receita do Biscoito de amendoim, que a Carmem me deu, num dia de feira acabou escapando do livro. Mas o tal biscoito não escapou das lentes espertas do Pacelli Ribeiro, nem muito menos das nossas bocas, evidentemente.


Biscoito de Amendoim , da Carmem, que mora em São Brás do Suaçui e todo sábado está em Congonhas com seus balaios de quitanda.


1 kg de farinha de trigo
250g de açúcar cristal
3 ovos
250g de amendoim torado e moído
150 g de manteiga
1/2 litro de leite
canela

para a calda:
1/2 kg de açúcar cristal para a calda

+ 1 kg de açúcar refinado e canela


No liquidificador, bater bastante o leite, o açúcar, a manteiga.Numa outra vasilha, coloque a farinha, o amendoim e a canela. Junte as duas misturas. E misture bastante até obter uma massa homogênea e firme para enrolas os biscoitos. Fazer os biscoitos e levar para assr em forno pre aquecido quente. Fazer a calda com o açúcar deixando o ponto de fio. Depois de frio os biscoitos, passar cada biscoito nessa calda e enfarinhar com o açúcar e canela.

a foto da Carmem é minha, feita em sua casa. A dos biscoitos é do Pacelli e a renda turca, do paninho foi feita pela Tia Cecy, que já virou estrela há tempos. O bule e a canequinha são da Tia Imene.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Amêndoas da Tia Zoé

Tia Zóe era irmã da minha avó Naná, a segunda da família e morreu aos 93 anos cheia de lucidez.
Quando a gente era criança, lembro bem, se diziam que vinhamos a Belo Horizonte, era pra ficar na casa da Tia Zoé, no bairro Santa Efigênia. Era uma casa com quintal e tinha um barracão no fundo que funcionava como sala de aula. Tia Zoé era professora e já aposentada dava aulas de reforços.

Na área do tanque, Tio Tonho, seu marido, tinha uma coleção imensa de pássaros cantadores. Eu não entendia bem porque ele mantinha tantos passarinhos engaiolados, mas sabia que ele era apaixonado pelos canários, pelos sabiás, e outros tantos.
Ele nem deixava a gente chegar muito perto das gaiolas. Lembro que Tio Tonho passava a manhã inteira dando ração, limpando gaiolas, cuidando com o maior carinho. Entre aqueles todos (eram mais de 100 gaiolas) havia alguns sabiás premiados em concursos, que valiam muito dinheiro, coisa que eu ainda nem sabia muito bem para quê servia.

Tia Zoé, além de professora era ótima contadora de história e de piadas. Era muito risonha, engraçada mesmo. Vivia nos trazendo charadas, brincadeira de advinhas, parlendas ...
Lembro dela ajuntando a meninada para contar histórias. Minhas tias, irmãs da minha mãe, contavam também, que no tempo da fazenda, Tia Zoé levava a meninada para um quarto, apagava todas as luzes (na fazenda, apagava o lampião mesmo) e contava histórias de fantasmas e assombrações. Ficavam todos no maior medão, se encolhiam, mas toda noite queriam mais...

Era boa cozinheira e também doceira, claro. Uma das suas especialidades eram as amêndoas, que ela levava para Congonhas enroladas em uns pacotinhos feitos de papel manteiga em forma de cone ou em pacotinhos de
pipoca. Contava que fazia com frequência para as crianças (anjos) que participavam da coroação de Nossa Senhora no mês de maio e também para os anjos da Semana Santa da paróquia de Santa Efigênia em Belo Horizonte, ou onde ela estivesse na época .

Segue a receita, sem medida, porque eram feitas "no olho".

Amêndoas da Tia Zoé

Amendoim torrado e limpo

Açúcar refinado
Erva-doce

Modo de fazer:
Fazer uma calda em ponto de espelho* com açúcar refinado. Colocar os amendoins, já limpos e torrados numa tigela junto com um pouco de erva-doce esfregadas na mão. Colocar a calda aos poucos sobre os amendoins. A calda deve ser mantida no fogo brando, no mesmo ponto. Mexer bastante (rodando) a tigela até açucarar. Quando tiver seco, repetir a operação, até que as amêndoas estejam do tamanho desejado. Quando acabar a calda, bater as amêndoas até ficarem brancas e sequinhas.

(Pode ser usados pedacinhos de coco)

* Ponto de espelho: quando escorrida na escumadeira a calda faz uma cortina na transparência de um espelho.


Acho muito difícil e trabalhoso fazer essas amêndoas. Outro dia minha mãe e a Mene tentaram fazer e não conseguiram, mas lá em Ouro Preto a tradição de distribuir amêndoas para os anjos continua. A foto é do último 4 de abril, domingo de Páscoa.