Na minha memória de criança o morango chegou de kombi, pelas mãos do Zé, um japonês, que ficou amigo das minhas tias e frequentava a casa da minha avó. Ele cultivava flores e morangos na cidade de Carandaí, que fica aos pés da Serra da Mantiqueira. Ia a Congonhas vendê-los e assim ficou amigo da família.
Lembro de ter ido, com as tias, na sua kombi, visitar as plantações do morango: canteiros compridos com as plantinhas rasteiras, a fruta rara, diferente, carecia de muitos cuidados. Cada canteiro era coberto por um plástico grande, preto, que protegia as plantas da chuva, das geadas e principalmente da luz solar. Era preciso colocar de pé em pé a serragem de madeira. Os frutos nasciam brancos, rasteiros e pendentes, escondidos debaixo das ramas e não podiam encostar na terra, senão apodreciam.
Com essa amizade, que acho que era uma paquera com alguma das tias, a horta de couve da casa da minha avó ganhou um canteiro inteiro da frutinha. Eu cuidava colocando serragem, e todo dia olhava como estava a produção. Fizemos algumas geleias, comíamos com um pouco de açúcar e creme de leite. Mas poucos anos durou essa produção caseira de morangos. O Zé Japonês, que achávamos que queria se casar com uma brasileira, acabou casando mesmo com uma japonesa e seguiu criando filhos e com sua produção de flores e morangos. Parou de aparecer em sua kombi e nunca mais o vi.
Depois que a produção de morangos se popularizou e atingiu alta escala. Por causa dos constantes boatos do uso excessivo de agrotóxicos na produção, deixei de consumí-los. Com a volta a produção orgânica ou tendo certeza de sua origem, aprecio muito essa nutritiva fruta.
Merece atenção quem tem crianças pequenas: Se não tem certificação ou não se sabe onde e como foram produzidos, os morangos não devem ser dados às crianças, nem seus derivados, principalmente seus sucos industrializados.
Voltei a comer morangos em Diamantina. Como estou por lá nos os meses de julho, sempre encontro mulheres na praça da matriz vendendo as frutinhas. Descobri existe uma grande produção por aquelas bandas, principalmente na cidade de Datas, que fica ali bem perto. Da estrada, entre chapadões de pedras, se nota grandes estufas cobertas de plásticos brancos. Essa produção abastece os mercados de Belo Horizonte, Montes Claros e Governador Valadares e por ali foi introduzida por produtores do Sul de Minas.
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no próximo post, deixo receitas com morangos.
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