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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Doce de manga verde

Virada de ano, a gente fica mais tempo em casa, curtindo família, casa, sítio, chuva, ajudando nos doces e nas receitas para as festas de final de ano, porque sempre vale celebrar a chegada de um Ano Novo para renovar as forças e esperanças. Minha mãe chegou do sítio aborrecida: a mangueira que ela plantou deu tanta manga que o galho não aguentou e quebrou. As mangas enormes, já prontas para amadurecer. Manga palmer, sem fibra, maravilhosas.

Não titubeei, peguei tudo, levei pra casa da Tia Mene e mãos à obra: doce de manga verde. Nunca tinha visto, mas não haveria novidade.

Lavei as mangas uma a uma, lavei os dois tachos com limão, vinagre e sal, para tirar todo "zinabre". Descasquei cada manga e fomos inventando os doces.

Primeiro colocamos as mangas, em pedaços para ferver. Ai resolvemos passar no liquidificador com um pouco de água.


Enquanto isso fizemos a calda: um pouco de água e açúcar. Depois misturamos a manga batida e a calda e deixamos fervar até ficar com textura de doce:
doce em pasta, verde, liso, muito fino. Coloquei um pauzinho de canela também, só pra dar um gosto. Não pergunte as medidas, fomos fazendo e provando. Esse ficou até com pouco açúcar, um sabor bem especial.


Com outro tanto de manga, resolvemos fazer o doce em talhas, como doce de mamão.

Nesse, começamos fazendo a calda e depois ajuntamos os pedaços da manga. Deixamos cozinhar até ficar macio e depois de pronto colocamos em pote de vidro esterilizado.

Levamos para o almoço de primeiro de janeiro, que minha mãe faz todo ano no sítio, faça sol ou chuva e, como ela faz questão, reúne toda a família, para agradecer o ano que se foi e celebrar o ano que chega.

Éramos mais de 70 pessoas: os irmãos dela, com respectivas esposas
ou maridos e filhos e os irmãos do meu pai, igualmente com esposas, maridos e filhos. Somam também alguns primos, além de netos e até bisnetos, de um lado ou de outro, para completar a harmonia.

Foi uma super recepção ao 2011, que chega com promessas e esperanças renovadas!


Ah, o doce de manga verde fez o maior sucesso, porque destoava um pouco dos pavês com creme de leite e leite condensado mais populares nessas ocasiões.

E ainda sobrou manga, como você pode ver na última foto. A ideia é ver se ficam "de vez" e testar uma outra textura de doce, com ela meio amadurecida. Vamos ver!

Depois de feito esse doce, e aprovado por todos, fiz um outro com manga coquinho e ubá. Ficou bom, mas não ficou tão maravilhoso quanto esse por dois motivos: fibras das mangas em questão e porque não estavam tão verdes como essas. Por outro lado, já ouvi opinião que o bom é sentir a fibra da manga. Diante disso, espero a sua opinião!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Gilberto Freyre, açúcar e manga


A Flip - Festa Literária Internacional de Paraty homenageou esse ano o sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), pernambucano que tratou a miscigenação e identidade nacional de forma definitiva para a história da literatura e sociologia brasileiras através dos livros Casa-Grande & Senzala (1933) e Sobrados e Mucambos (1936) e Açucar (1939).


No livro Assúcar , naquela época escrito assim mesmo, Gilberto Freyre se debruçou sobre as tradições familiares no preparo de doces, criou a sociologia do doce brasileiro a partir de receitas de bolos e doces do nordeste do Brasil, caracterizando nosso povo e demonstrando que nossa afeição pelos doces é herança recebida dos portugueses, claro com a contribuição das mãos africanas e das especiarias nativas utilizadas pelos índios.

Seu doce preferido era o coupe regional, uma mistura de cocada e sorvete de tapioca. A intelectualidade, claro, torceu o nariz. Como um sociólogo vai escrever sobre bolos e quitutes? Houve até quem dissesse que o autor de Casa-Grande & Senzala era um sociólogo de alfenin – em referência ao doce preparado a base de clara de ovo e açúcar.

O sociólogo afirma que o açúcar moldou nosso jeito de ser e nossa alma e completou: Sem açúcar não se compreende o homem do nordeste.


Durante os séculos 16 e 17, Pernambuco foi o maior produtor mundial de açúcar. E atualmente o Brasil, é um dos maiores exportadores de manga, ficando atrás apenas da Índia e do México. Sua produção anual é estimada em mais de 1 milhão de toneladas. O maior estado produtor é justamente Pernambuco, seguido por Bahia e São Paulo. Foi por isso que fiz aqui essa junção de Gilberto Freyre + Açúcar + Manga, já que essa fruta maravilhosa está entrando na safra.

Deixo então do livro Açúcar de Gilberto Freire, a receita do Doce de Manga tal qual ele escreveu, sem
nada de complicação.

Doce de manga
Descasca-se a manga e corta-se em talhadas. Faz-se um mel ralo
(calda) põem-se dentro as talhas, que se levam ao fogo para fazer o doce. Quando o mel se mostra em ponto de fio brande o doce está pronto.



Volto com mais manga, já que são tantas as variedades e tão saborosas e nutritivas.