Minha avó e as tias-avós, além dos afazeres domésticos, e de cuidar das crianças, viviam a fazer quitutes, quitandas e doces para bem receber visitantes e hóspedes: seus irmãos, primos, parentes ou compadres que chegavam a Congonhas por ocasião do Jubileu do Bom Jesus, em setembro, ou para as festas de casamento e até para passar a lua-de-mel, ou ainda para uma visita rápida, que era, no mínimo, de dois dias.
Os doces, de laranja, marmelo, goiaba, mamão, banana, jabuticaba, eram das frutas crescidas ali mesmo, no imenso quintal, e apanhadas à mão pelas tias ou empregados.
Nessa casa, também havia galinheiro, com galinhas que estavam sempre com ninhadas perdidas; chiqueiro, onde cresciam porcos para abate, patos, o cachorro vira-lata, passarinhos soltos e os de gaiola, além do periquito australiano e papagaio de poleiro.
Havia também do lado de fora, perto do tanque, uma coberta, misto de oficina e cozinha aberta, que tinha, além dos tornos do meu avô e ferramentas dos tios, num canto, um forno grande e um outro fogão, ambos a lenha, que eram usados justamente quando se fazia um maior volume de doces ou biscoitos. O fogareiro era de uma boca só, para tachos grandes, na altura do chão, e a colher de pau que se usava era bem do meu tamanho. Acima, uma boca de forno enorme, que era limpa com vassoura de alecrim, antes de cada jornada de trabalho.
Eu ficava rodeando tudo, ouvindo as conversas, aprendendo os mistérios e até ajudava um pouco, criança que era. Meus doces preferidos: eram todos!
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