" A outra avó de Zenóbia era uma quitandeira de mão cheia. Com três xícaras de polvilho, duas de açúcar, cinco ovos (dois sem clara) e casca de limão ralada a gosto, fazia brevidades de dar água na boca. Seus pães de queijo eram o seu maior tesouro. Para não falar dos bolos de cenoura, das roscas de trança e dos doces. Seu tempo não tinha o mofo dos que em geral vivem muitos anos. Renovava-se a cada biscoito, a cada papo-de-anjo. Com ela Zenóbia aprendeu os mistérios da broa de milho sem farinha de trigo e do pudim de leite com rapadura; compartilhou cada instante de cada uma de todas as gostosuras. E foi num dia de chuva, entre relâmpagos e crisântemos, que essa avó lhe disse em silêncio que naquelas quitandas deixava sua maior herança. "
Maria Esther Maciel. O livro de Zenóbia. RJ: Ed. Lamparina. p27
O texto em si já dispensa outras palavras!
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